Menino ou menina? Exame de sexagem fetal
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A sexagem fetal revela o sexo do bebê a partir da 8ª semana de gestação
O exame de sexagem fetal é relativamente novo e grande parte das pessoas ainda não conhece. Muitos pais ficam curiosos e ansiosos para saber se o bebê é menino ou menina e o teste esclarece essa dúvida. Através de uma simples amostra de sangue da mãe é possível identificar o sexo do bebê já nas primeiras semanas de gestação.
Muitos laboratórios já disponibilizam o exame, que fica pronto em apenas alguns dias. Não é necessário o pedido médico e basta agendar a coleta do material nos laboratórios que têm a metodologia disponível.
Como é feito o exame?
Desde o momento em que a mulher fica grávida, existem fragmentos do DNA do feto que conseguem atravessar a placenta e circulam na corrente sanguínea da mãe. Sabe-se que de 10 a 20% das moléculas de DNA presentes no sangue da mãe são, na verdade, do feto.
Assim, é possível fazer a identificação do sexo do bebê através de uma amostra de sangue da mãe. O exame é realizado através da técnica de biologia molecular que permite acessar o material genético do feto.
A gestante precisa fazer uma coleta de sangue simples. Essa amostra será centrifugada e o plasma é separado. O DNA pode então ser extraído e segue para a realização de uma PCR, técnica de biologia molecular na qual as regiões de DNA de interesse são multiplicadas (amplificadas) milhões de vezes. Isso permite que a amostra com uma pequena quantidade de DNA do bebê tenha material suficiente para realizar uma análise adequada.
O exame de sexagem fetal pode ser feito a partir da 8ª semana de gestação. A confiabilidade e precisão do teste nesse período é de 98%. Claro que o teste pode ser feito antes, mas o resultado nesses casos não é tão confiável. A possibilidade de acertar o sexo do bebê aumenta no decorrer da gestação, ou seja, quanto maior o número de semanas, maior a chance de acerto. Isso acontece porque há maior concentração de DNA do feto circulando na corrente sanguínea da mãe.
Sexagem fetal X testes tradicionais
A grande vantagem do exame de sexagem fetal é que ele pode revelar o sexo do bebê semanas antes do que os exames tradicionais e não é invasivo.
O método mais utilizado ainda hoje é a ultrassonografia. Para saber o sexo, só pode ser realizada a partir da 12ª semana de gestação, pois visualiza os genitais já desenvolvidos. No entanto, esse exame de imagem depende da posição do feto, se não for favorável fica quase impossível reconhecer e a espera continua. Para garantir uma maior precisão com a ultrassonografia é recomendado que o exame seja feito a partir da 15ª semana.
Outros exames como a biópsia de vilosidades coriônicas ou amniocentese também podem revelar o sexo do bebê, mas são recomendados apenas em casos de suspeita de anomalia genética. O primeiro retira uma amostra diretamente da placenta e o outro coleta uma amostra do líquido aminiótico através da inserção de uma agulha no útero para retirar o líquido.
Em ambos os exames, há uma pequena possibilidade de aborto, de 1 a 2%. Mesmo assim, é um risco desnecessário considerando que um exame simples de sangue já pode oferecer algumas informações.
O exame de sangue para sexagem fetal surgiu exatamente como uma alternativa a testes invasivos. Em 1997, o pesquisador chinês Dennis Yuk-ming Lo descobriu que o DNA do feto estava presente no sangue materno. Ele usou como marcador o cromossomo sexual masculino (Y), sendo este o princípio do exame.
Como interpretar o resultado?
Todas as nossas células contêm 23 pares de cromossomos diferentes. No entanto, apenas um desses pares carrega as informações que determinam o nosso sexo. Se o cromossomo sexual for “XX” será uma mulher, caso seja formado por “XY”, será um homem.
O exame de sexagem fetal consiste na investigação do cromossomo Y no sangue materno, uma vez que somente indivíduos do sexo masculino possuem esse cromossomo.
Se o exame detectar o cromossomo Y significa que o bebê é um menino. Já ausência desse cromossomo significa que o bebê é XX, ou seja, a gestação é de uma menina.
E se forem gêmeos?
Para as gestações gemelares a interpretação dos resultados é um pouco mais complicada, porém é possível.
No caso de gêmeos idênticos (univitelinos), a presença do cromossomo Y indica a gestação de dois meninos e na ausência, 2 meninas.
Se forem gêmeos não-idênticos (bivitelinos), a presença do cromossomo Y indica que pelo menos um dos fetos é menino. Se não for detectado o cromossomo Y, os dois bebês serão meninas.
Interferência e contaminação
Existem algumas condições que podem interferir ou mesmo impedem o exame de sexagem fetal. Se em algum momento a gestante tiver recebido sangue ou passou por um transplante de órgãos cujo doador era homem, o resultado pode ser falso.
Outra condição é se a mulher realizou algum procedimento de fertilização com outros embriões, uma vez que mesmo não sobrevivendo, células desse embrião ainda estão presentes no sangue da mãe.
Por fim, existe ainda a possibilidade de contaminação da amostra no laboratório. Por isso, é recomendado que apenas operadoras do sexo feminino manipulem a amostra.
Problemas genéticos
Além de satisfazer a curiosidade dos pais de saber o sexo do bebê, o exame atende a outras finalidades médicas. A sexagem fetal é indicada nos casos em há possibilidade de desenvolver algum distúrbio genético ligado ao sexo, como a hemofilia, que afeta o sexo masculino com maior frequência.
Se um dos pais for portador do gene que desencadeie a doença, pode investigar o sexo do bebê já nas primeiras semanas. Caso estejam esperando uma menina, podem ficar tranquilos e não há necessidade de realizar exames mais invasivos. Há casos em que a detecção precoce também permite iniciar o tratamento adequado.
O objetivo no futuro é conseguir identificar outros tipos de informações genéticas do feto, usando apenas o sangue da mãe, como a Síndrome de Down. Nesses casos, os testes invasivos seriam descartados, diminuindo qualquer risco para o feto.
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Referências:
- Zargari M, Sadeghi MR, Shahhosseiny MH, et al. Fetal Sex Determination using Non-Invasive Method of Cell-free Fetal DNA in Maternal Plasma of Pregnant Women During 6th– 10th Weeks of Gestation. Avicenna Journal of Medical Biotechnology. 2011;3(4):201-206. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3558193/
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