Clamídia: Uma Infecção que pode Levar a Graves Complicações
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O grande desafio para o controle da clamídia está justamente no seu diagnóstico, porque pessoas infectadas geralmente não apresentam sintomas. Cerca de 50% dos homens e até 70% das mulheres são assintomáticas. Esse cenário dificulta o reconhecimento da doença e o seu tratamento logo no estágio inicial. Mas mesmo sem manifestar nenhum sinal visível, pode haver sérias consequências principalmente a longo prazo.
Clamídia: O que é?
A clamídia é uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, transmitida através do contato sexual direto. Afetam, sobretudo, adolescentes e adultos jovens sexualmente ativos. Segundo a Organização Mundial da Saúde é a mais comum de todas as ISTs bacterianas, apresentando 131 milhões de novos casos todos os anos. No Brasil, estima-se que haja uma incidência anual de 2 milhões de novos casos/ano.
Nem todas as pessoas contaminadas com clamídia apresentam sintomas, podendo a infecção passar despercebida por muitos anos. Os pacientes assintomáticos com clamídia tornam-se fontes de contaminação permanentes. Os altos números de casos se devem, principalmente, a quem transmite não saber que está contaminado e quem se contaminou não saber de quem pegou.
Complicações
Apesar de ocasionarem infecções curáveis, como a endocervicite, nas mulheres, e a uretrite, nos homens, essas doenças podem causar complicações graves quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente. A principal complicação da infecção por clamídia nas mulheres é a progressão da bactéria em direção ao útero, trompas e ovários, pois pode provocar a doença inflamatória pélvica (DIP). Assim como sequelas subsequentes como gravidez ectópica e a infertilidade. Além disso, estudos sugerem que a infecção por C. trachomatis é um fator de risco independente para o desenvolvimento de câncer de colo do útero. Além de aumentar o risco de aquisição e de transmissão do HIV em até dez vezes.
Os homens podem desenvolver complicações como inflamação da próstata (prostatite) ou inflamação nos testículos (orquiepididimite), impedindo a passagem de espermatozoides, como também a possibilidade da infertilidade.
Outra grande preocupação é o risco da transmissão da mãe para o bebê durante o parto normal. O recém-nascido pode desenvolver infecção ocular (conjuntivite) ou pulmonar (pneumonia). Cerca de um terço dos neonatos expostos ao patógeno durante o parto podem ser afetados. Na mãe, a infecção pode provocar aborto, parto precoce ou até mesmo a morte neonatal.
Sintomas da Clamídia
Quando presentes, os sintomas mais comuns nas mulheres são:
- corrimento amarelado ou claro
- sangramento espontâneo ou durante as relações sexuais
- dor ao urinar, durante as relações sexuais ou no baixo ventre (pé da barriga)
E nos homens, os sintomas mais comuns são:
- ardência ao urinar
- corrimento uretral com a presença de pus
- dor nos testículos
As Dificuldades no Diagnóstico da Clamídia
Sabe-se que 35% a 50% das mulheres infectadas com C. trachomatis são coinfectadas com N. gonorrhoeae, o que torna esse cenário ainda mais preocupante. Uma vez que ambas, na sua maioria, são assintomática e, na presença de sintomas, pode haver sobreposição das síndromes clínicas.
Diante disso, o diagnóstico clínico é pouco sensível em tais casos, o que implica necessariamente a confirmação diagnóstica por métodos laboratoriais. Existem várias técnicas como a cultura celular, a imunofluorescência direta (IFD), imunofluorescência indireta (IFI) e o ensaio imunoenzimático (EIA ou ELISA).
O ensaio imunoenzimático é recomendado para estudos epidemiológicos e infecções sistêmicas, como pneumonia em recém-nascidos, LGV, salpingites, epididimites, infertilidade, gravidez ectópica, onde os títulos de anticorpo IgG são frequentemente elevados. Não é recomendada para o diagnóstico de infecções urogenitais por causa da frequência de exposição aos sorotipos da C. trachomatis e pela ocorrência de reações cruzadas com outras espécies, especialmente a C. pneumoniae, tornando difícil valorizar determinações de anticorpo em uma única amostra.
A técnica considerada como padrão-ouro é a cultura, porém exige uma infraestrutura maior do laboratório, por exigir cuidados especiais com a amostra. A vantagem da cultura é a baixa probabilidade de contaminação e a preservação do microrganismo para estudos adicionais, como o teste de suscetibilidade à terapia antimicrobiana e genotipagem.
Atualmente, a metodologia mais precisa é o diagnóstico molecular. Muito conhecida e utilizada na investigação do HPV, a biologia molecular ganha espaço para ajudar na análise de agentes que ocasionam infecções urogenitais, muitas delas consideradas infecções sexualmente transmissíveis. Dentre elas, a infecção por Chlamydia trachomatis.
São mais completos em termos de sensibilidade e especificidade por permitirem a identificação do agente infeccioso em amostras com baixa concentração do patógeno, sem risco de resultados falso-positivos. Além de alguns testes moleculares detectarem em uma única amostra, diferentes patógenos causadores das principais ISTs.
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Referências:
- http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/clamidia
- https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/224-porque-e-importante-fazer-rastreio-da-infeccao-genital-por-chlamydia-trachomatis
- http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-ATSS8L/monografia__ionara_gon_alves.pdf?sequence=1
- https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/clamidia
- http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v38n2/a09v38n2.pdf