Cordyceps: Um Fungo Fascinante da Realidade à Ficção
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Cordyceps é um gênero de fungos que tem capturado a atenção de muitas pessoas, especialmente depois de ser retratado em obras de ficção populares, como o jogo e a série de TV “The Last of Us”. Este tipo de fungo tem um ciclo de vida único e fascinante, que envolve invadir o corpo de insetos e artrópodes, e crescer dentro deles. No entanto, a representação do Cordyceps em obras de ficção como “The Last of Us” é realizada de forma exagerada e distorcida da verdadeira biologia deste fungo.
O Fungo que transforma as pessoas em zumbis
A representação do fungo em “The Last of Us” é de uma espécie mortal, que infecta os humanos e causa uma pandemia. Os personagens enfrentam desafios épicos para sobreviver a esta ameaça, lutando contra zumbis infectados pelo Cordyceps.
Caso a infecção em humanos realmente ocorresse, ambientes fechados como transporte público e túneis seriam ambientes propícios para o contágio, pois o fungo Cordyceps se espalha pelo ar através de esporos.
Embora esta representação seja emocionante e interessante para o enredo, é importante lembrar que não é assim que acontece na vida real.
O Cordyceps na vida real
A verdadeira biologia deste tipo de fungo é realmente fascinante. O Cordyceps é um gênero de fungos entomopatogênicos, que são organismos que podem parasitar insetos, matando-os ou incapacitando-os. Este fungo tem sido chamado de “zumbificador de formigas”. Eles infectam o corpo de seus hospedeiros controlando suas funções motoras, fazendo do inseto um veículo de condução para atingir um ponto mais alto para que possa se desenvolver e espalhar seus esporos. Após atingir o ponto ideal de uma árvore a formiga finca sua mandíbula na superfície de uma folha, morrendo após algumas horas. Em poucos dias o fungo se desenvolve e libera seus esporos para infectar outros insetos e continuar o ciclo de vida.
Este processo é conhecido como parasitismo simbiótico, no qual o fungo e a formiga trabalham juntos para a sobrevivência do fungo. É importante notar que o comportamento da formiga é drasticamente alterado pela presença do fungo, o que leva a uma mudança em sua aparência e comportamento, podendo se comportar como se estivesse “possuída” pelo fungo, levando à sua condição de “zumbi”.
Nos humanos
Não existe registro de infecção pelo Cordyceps em humanos, pois para infectar o corpo humano são necessárias algumas exigências como possuir capacidade em penetrar no hospedeiro, tolerância a altas temperaturas além de apresentar resistência ao nosso sistema imunológico. No entanto, existe inclusive um composto químico chamado cordicepina (derivado da adenosina), que é alvo de pesquisas para uso medicinal.
Em um artigo publicado em 2021 pela revista Molecules, pesquisadores reuniram em revisão bibliográfica diversos dados referentes ao uso terapêutico da cordicepina.
Através de 150 estudos com animais, alguns dos efeitos do composto foram identificados:
- Supressão do crescimento de tumores em 32 artigos;
- Benefícios para disfunções cardíacas em 15 artigos;
- Alívio de dor e inflamação em 14 artigos;
- Proteção contra disfunções cerebrais em 10 artigos;
- Entre outros benefícios.
Apesar de sucesso em modelos animais, o artigo reitera que para a garantia do sucesso em humanos é necessário que os estudos passem para a fase clínica de testes.
Da identificação do fungo, aos processos de inoculação e análises, a Kasvi está junto ao pesquisador em todas as fases dos estudos laboratoriais.